Bem-vindo, caro leitor! Este é um blog de notícias experimental, organizado por seis alunos do curso de jornalismo da UFES, 2º período. Neste local abordaremos temas relativos à população inserida à margem da sociedade.

Um canal em que todos podem se expressar abertamente, de forma igualitária e RESPEITOSA. Lembre-se: gritar é se expressar repentinamente, expondo as dores e as angústias. Esteja livre para compartilhar o seu grito.




sexta-feira, 19 de março de 2010

O OUTRO LADO DA RUA: OS FLANELINHAS


Os guardadores de carro, popularmente conhecidos por flanelinhas , vivem uma realidade bastante diferente daquela que imaginamos. Nem todos são marrentos e indigentes. Alguns possuem até bens em seu próprio nome.

Como é o caso de Vanderlei F. Nascimento, de 43 anos. Flanelinha há 28 anos, é conhecido e querido por todos os comerciantes da Rua Anísio Fernandes Coelho, a Rua da Lama, em Jardim da Penha, onde atua há três anos.

Com o ensino fundamental incompleto, Vanderlei veio de João Neiva para Vitória em busca de uma vida melhor. Trabalha desde criança guardando carros. Pouco a pouco foi se aperfeiçoando. Uma de suas peculiaridades é um álbum de fotos dos carros que lava e guarda. Segundo ele, em apenas um dia de trabalho já conseguiu por volta de R$ 200,00. Toda a renda é para o sustento de sua esposa e de seus cinco filhos. Vanderlei afirma com orgulho que todos estão na escola. “Quero dar a eles tudo o que eu não tive”. Com o dinheiro que conseguiu ao longo de 28 anos de trabalho, Vanderlei construiu sua casa própria. Mas se engana quem pensa que Vanderlei só guarda carros; além disso, ele é porteiro noturno e faz trabalho voluntário a fim de ajudar crianças carentes. Questionado sobre a aposentadoria, o flanelinha é enfático: “Nunca vou conseguir parar”. Ele afirma nunca ter sido discriminado, mas acredita que a classe é sim alvo de preconceito por ter uma imagem de ladrões, viciados em álcool e drogas.

Esse é o caso de Renato P. Abreu, 36 anos, que confessa ter sido usuário de drogas e ter praticado pequenos furtos até pouco tempo atrás. Renato diz que foi Vanderlei quem o resgatou dessa vida ao convidá-lo para uma reunião em uma igreja evangélica. Hoje, segundo ele, não pratica mais furtos e nem usa drogas. Sua única fonte de renda vem da lavagem e da guarda de carros.

Leandro de Jesus, 50 anos, diz não forçar nenhum cliente a pagar, mas, segundo ele, todos pagam. “Ou quando não tem nada, voltam no outro dia com umas moedinhas”. Leandro ainda diz que as mulheres são sempre as mais generosas na hora da gorjeta.

Mas por que a sociedade vê a classe dos guardadores de carros com preconceito? De acordo com o soldado da PM, Luís, 38 anos, as pessoas confundem os flanelinhas, que possuem residência fixa, com os moradores de rua, os quais perturbam a ordem social. Tais pedintes aparecem somente em horários de maior movimento enquanto os guardadores permanecem em seu trabalho durante o dia todo. O PM ainda ratifica que praticamente não existem queixas dos flanelinhas por parte da população.

Mesmo com todo o trabalho de uma jornada de quase 12 horas, os flanelinhas ainda conseguem tempo para o lazer. Vanderlei, por exemplo, adora ir com os filhos e a esposa ao Parque Municipal da Pedra da Cebola nos domingos à tarde. Já Renato e Leandro aproveitam os dias de descanso para ir à igreja e assistir TV.


Confira mais fotos clicando AQUI!


Por Lila Nascimento

6 comentários:

  1. não deviam existir flanelinhas =/
    alguns até arranham carros se não pagam, etc.
    e sem contar que o lugar nem é deles...

    PS: Blog massa

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  2. Essa matéria tem cunho de mostrar o lado que poucos sabem. Por detrás de um lavador de carros que acreditamos ser um flanelinha, há uma história de vida que deve ser revelada para a sociedade!

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  3. policiais malditos com a mesma visão positivista de sempre "os moradores de rua, os quais perturbam a ordem social"... fdps, FUCK THE POLICE !!! Cidadãos como esses são vítimas da sociedade que não atende todas as classes, e agora são eles que "pertubam" a ordem?? Espero q com a PEC 300 acabe com esses policiais otários.

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  4. É de fato a maioria da população confundi os flanelinhas com os "vigias" (que nao vigia nada). Esses sim arranham carros, e sacaneam!
    Mas o que mais me chamou a atenção foi o fato de mesmo passar dificuldades ainda assim ele ajuda as pessoas! *_*

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  5. #vouconfessarque não li tudo!! Mas parabéns pela sua primeira reportagem de mts q vão vir!!^^

    beijoca =*

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  6. Boa a matéria.

    Conheço os flanelinhas de vista.

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