Bem-vindo, caro leitor! Este é um blog de notícias experimental, organizado por seis alunos do curso de jornalismo da UFES, 2º período. Neste local abordaremos temas relativos à população inserida à margem da sociedade.

Um canal em que todos podem se expressar abertamente, de forma igualitária e RESPEITOSA. Lembre-se: gritar é se expressar repentinamente, expondo as dores e as angústias. Esteja livre para compartilhar o seu grito.




quarta-feira, 21 de abril de 2010

Eles não querem abandono

Até 2025, o Brasil será o sexto país no mundo com o maior número de pessoas idosas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Hoje, o país conta com 14,5 milhões de idosos, 8,6 % da população do país (dados do IBGE). Parte deles está distribuída em asilos, alguns abandonados pela família.

A fisioterapeuta Priscila Alves Gomes, 29, trabalha no asilo Sociedade de Assistência à Velhice Desamparada há dois anos. “Por se tratar de uma instituição pública, sobrevive de doações e para que o idoso possa entrar é necessário que ele receba o benefício da aposentadoria e, mesmo assim, não conseguem comprar os próprios remédios”, diz a fisioterapeuta. Ao perguntarmos sobre o que mais falta no local, ela responde que é necessária mais verba para melhorar as condições dos idosos. Priscila também afirma que muitos residentes não recebem visitas dos familiares.

A infra-estrutura do asilo é boa. Possui refeitório, dormitórios femininos e masculinos, enfermaria, capela, cozinha e diversos outros cômodos. Tudo em bom estado. Apesar disso, a fisioterapeuta é enfática: “Ainda falta muita coisa. Vocês deveriam visitar um asilo particular, lá é muito melhor”.

Conheça os moradores do local

José Firmino, 80, mora no asilo há 18 anos. “O tratamento aqui é muito bom e todos são amigos”, diz José. Ele diz que o passatempo dos moradores do asilo é conversar, assistir televisão, jogar baralho ou dominó. Algumas vezes o asilo realiza passeios para os idosos. Os lugares visitados são o Convento da Penha, Guarapari e outras localidades. O senhor ainda relata que o idoso sofre preconceito pois perde a autoconfiança, deixando de fazer as coisas por si só.

Marconde é natural de Ilhéus, Bahia. Pescador de profissão, lembra perfeitamente a data em que chegou ao asilo, 23/03/2005, portanto já faz cinco anos. Sua idade atual é de 80 anos. “Sou uma pessoa quieta e calma”, diz ele. O passatempo predileto do senhor é jogar dominó. Assiste pouca televisão. O que mais gostaria de fazer é poder pescar novamente. “Não posso pescar, o médico proibiu”, diz ele. Na opinião de Marconde, os idosos são muito discriminados pois, às vezes, não conseguem fazer muitas coisas sozinhos.

Laira Gonçalves, 29, estudante de Administração, foi pela primeira vez visitar seu avô, Júlio Nunes Gonçalves. De acordo com ela, Júlio foi deixado no local por necessidade, pois ele vivia com uma tia que possuía problemas de saúde e não tinha condições de ajudar e cuidar dele. Ela relata também que desde que seu avô chegou ao asilo na quarta-feira, dia 14 de abril, ele diz que é melhor viver por ali. Laira comenta que o tratamento desigual dado aos idosos é originado pelo sistema capitalista. “Como os idosos não conseguem mais produzir, eles são afastados para que não possam atrapalhar as pessoas que ainda podem exercer algum trabalho”, diz a estudante.

A estudante de Ciências Contábeis, Mariana Melo, 18, diz que nunca deixaria sua mãe em um asilo: “Ela não iria gostar de lá. Acho que ela não merece isso. O lugar dela é com a família”. A jovem ainda relata que pagaria alguém para cuidar de sua mãe em casa, se fosse necessário.

Nossa equipe de reportagem proporcionou muitos sorrisos aos idosos do asilo. Tudo através de simples conversas, um pouquinho de atenção prestada. Recomendamos uma visita à Sociedade de Assistência à Velhice. O horário é das 14:00 às 18:00, de segunda à domingo.

Endereço: Rua Anselmo Serrat, 250, Jucutuquara, Vitória – ES (atrás da FAESA, campus de Jucutuquara)
Telefone para contato: 33232929 (informações e doações)


Por Flávio Soeiro e Wilderson Morais
Fotos por Wilderson Morais

2 comentários:

  1. Parabéns meninos!!! Bem legal a iniciativa!! Quero ir um dia pra conversar com eles tambem!

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  2. Bela matéria Will e Flávio! Parabéns!

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