Bem-vindo, caro leitor! Este é um blog de notícias experimental, organizado por seis alunos do curso de jornalismo da UFES, 2º período. Neste local abordaremos temas relativos à população inserida à margem da sociedade.

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segunda-feira, 26 de abril de 2010

A fala do Ouvidor



Por Reuber Diirr e Wilderson Morais


Esta semana a entrevista é com o Ouvidor da Universidade Federal do Espírito Santo, o Prof°. Dr°. Carlos Vinicius Costa de Mendonça. Em um bate-papo, o Ouvidor esclareceu as funções de seu cargo, bem como as medidas tomadas para manter a funcionalidade e a ordem da autarquia. O Drº Carlos Vinicius conversou com a equipe do OO Grito explicando os diversos casos que ele deve analisar cautelosamente.

OO Grito: Como funciona a Ouvidoria?
Ouvidor: A Ouvidoria serve de elo de ligação entre as pessoas. Ela ouve a reclamação de ambas as partes, preservando-os. A função do Ouvidor é zelar pelo bom funcionamento da Universidade, seja no sentido político, seja no sentido moral. Quando um aluno ou professor vem à Ouvidoria fazer alguma queixa, o papel do Ouvidor é ouvir e fomentar uma conciliação entre as partes. A Ouvidoria tem a função de buscar atenuar as divergências que acontecem e, dessa maneira, manter as relações cordiais dentro do campus.

OO Grito: Como a Ouvidoria vê os grupos marginalizados na UFES? Exemplos: gays, emos, alunos de intercâmbio.
Ouvidor: A ouvidoria representa a instituição (UFES) e não tem interesse em fazer juízo de valor. Não existe na Universidade uma perspectiva de fazer leituras diferenciadas. Mas tais grupos sentem um peso maior, não exatamente uma marginalização. Entretanto, a ouvidoria não vê distinções.

OO Grito: A Ouvidoria já recebeu reclamações sobre homofobia, discriminação racial?
Ouvidor: Tais assuntos ainda não estão bem discutidos na sociedade. É evidente que determinadas posturas causem impacto. Tanto posturas heterossexuais quanto posturas homossexuais. Professores, principalmente os mais antigos, reclamam de demonstrações de afeto dentro das salas de aula. É evidente a complexidade do amor humano. Mas, para o ambiente ficar razoavelmente sociável, devemos ter normas e a Universidade, como meio acadêmico onde devemos pensar, sentir e agir, não sendo o lugar apropriado para tais atos de afetividade. Em relação à discriminação racial, não há muitos casos. O mais evidente é o assédio moral. Um professor veio à Ouvidoria reclamar sobre duas alunas que trocavam afetos em sala de aula. A Ouvidoria escutou as meninas que argumentaram ser de direito a troca de afetos, todavia, há lugares para tais atos serem realizados e a sala de aula não são apropriados.

OO Grito: O senhor já analisou reclamações de racismo?
Ouvidor: Já, mas pouco! Hoje não tanto mais. Pouco racial. O assédio moral é maior. O assédio moral está ligado nas relações que se tem com as pessoas, seja durante o trote onde um veterano extrapola os limites dos calouros.

OO Grito: Como a Ouvidoria vê o comércio dos ambulantes no campus da Universidade?
Ouvidor: A Universidade é pública e não pode excluir as pessoas de entrarem, entretanto, o público não significa ausência de gestão. As pessoas que exercem atividade comercial têm certa permissão de vender seus artesanatos. O problema existencial é o comercio ilegal.

OO Grito: Professor, em relação às drogas, qual a atitude que a Ouvidoria exerce sobre tal fato?
Ouvidor: Veja bem, isso não cabe à Ouvidoria. É um assunto que vocês podem obter mais informações com a segurança da Universidade. Nunca ninguém veio aqui reclamar sobre isso. Nem um traficante, nem um usuário (risos). Está ligada à Prefeitura da Ufes. Nós tínhamos um problema muito sério de vendas de passes dentro do campus, que era um problema complicado, todavia, já foi solucionado.

OO Grito: Sabemos que a Ouvidoria é contra o trote. Apesar disso, eles acontecem. O senhor recebe muitas reclamações por causa de tal atitude ilícita?
Ouvidor: Recebemos muitas reclamações. Existem resoluções na Universidade que proíbem o trote. Tais resoluções surgiram a partir de efeitos danosos nos alunos, danos físicos e psicológicos. A Universidade já foi processada por causa dos trotes. É proibido qualquer tipo de manifestação que represente uma violência física ou simbólica.

OO Grito: Qual a atitude que a Ouvidoria toma com os alunos infratores (que efetuam o trote)?
Ouvidor: O trabalho da Ouvidoria é de mediação. Nós mediamos. Há trotes em que os alunos dos cursos se vestem de travestis, circulando pela Universidade, ou vestidos de bebê, com fraudas, também há os alunos que pedem esmola; nós punimos de acordo com as resoluções vigentes. Já vi aluno chorar por causa de trotes. Tal ato ilícito se assemelhava aos campos de concentração no Afeganistão, era algo brutal, principalmente nos Centros Técnicos. Infelizmente, existem pessoas que têm prazer em humilhar os outros. Pais já ligaram reclamando da violência que seus filhos sofreram.

OO Grito: O Senhor é a favor dos trotes que são apenas brincadeiras, sem violência?
Ouvidor: Não. A Instituição deve construir uma recepção apropriada, construir uma sintonia com os Centros (Acadêmicos) no sentido de uma recepção lúdica. O ato do trote é algo medieval. Uma sociedade atada aos atos antiquados. A interface entre as brincadeiras somente para socializar e o autoritarismo são tênuas, ou seja, sugerem certa acepção à violência. Por essa razão, o trote é proibido na Universidade.



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