Bem-vindo, caro leitor! Este é um blog de notícias experimental, organizado por seis alunos do curso de jornalismo da UFES, 2º período. Neste local abordaremos temas relativos à população inserida à margem da sociedade.

Um canal em que todos podem se expressar abertamente, de forma igualitária e RESPEITOSA. Lembre-se: gritar é se expressar repentinamente, expondo as dores e as angústias. Esteja livre para compartilhar o seu grito.




domingo, 23 de maio de 2010

Alunos especiais: integrar para socializar – Parte 3 (útlima parte)

Esta é a terceira parte da reportagem sobre a inserção de alunos com necessidades especiais nas salas de aula. Nessa última parte, mostraremos como o trabalho com os deficientes visuais.

A linguagem

Os deficientes visuais utilizam o braile como forma de registro escrito. É uma forma de comunicação baseada no alfabeto, o mesmo utilizado pelos não deficientes. São combinações de seis pontos, em alto relevo, em que cada combinação corresponderá a uma letra do alfabeto ou número. Em suma, braile é língua portuguesa.

Material de apoio

“Tem deficientes que rejeitam o braile”, diz Jair Antônio Marquioli, professor de história e bacharel em direito. “Outros rejeitam a bengala, o instrumento de locomoção. Os motivos são vários. Alguns têm rejeição natural, outros se negam a aprender por ouvir falar mal da bengala ou do braile, a partir de outros deficientes visuais”. Aprender o braile e as técnicas de locomoção é essencial para a inclusão do deficiente no ambiente escolar. “Os alunos fazem a prova em braile. Eu transformo para o alfabeto comum e os professores podem corrigir as provas”, diz Maria da Penha, professora de deficiência visual do CAP (Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual).

A sala de aula

Muitos deficientes visuais são discriminados em sala de aula. “Os professores ignoram, fingem não ouvir as perguntas”, diz Jair. “Já pensei em fazer mestrado, mas essa situação me incomoda. Alguns professores não dão a mínima pra você. Eles te ignoram”, completa.

As ferramentas

A reglete é um instrumento manual para a escrita do braile, em que os pontos em alto relevo são feitos no papel. É o mais antigo e simples.

Reglete

A máquina Perkins tem uma pequena semelhança com a máquina de escrever. Essa ferramenta escreve em braile. O deficiente utiliza as teclas e o braile vai sendo inserido na folha.

Máquina Perkins

O notebook, fornecido pelo MEC, é a inovação. “O aluno escolhe. Eu, por exemplo, prefiro a reglete. Até porque passei toda a minha graduação utilizando a reglete”, diz Jair.

O aluno escolhe qual instrumento deseja levar para a sala de aula.

Também existe o DOSVOX, um programa de computador que lê arquivos de texto. Foi desenvolvido pelo núcleo de computação eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “A maioria dos cegos que não querem aprender braile pensam que o DOSVOX irá resolver todos os problemas”, diz Jair. “Isso não é verdade, não há como aprender matemática, química e física com o DOSVOX. O braile é essencial”, completa.

DOSVOX

O centro de apoio

O Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual, CAP, ajuda a inserção dos deficientes visuais na sala de aula, ensinando-os braile e ministrando aulas de locomoção, em que eles aprendem a utilizar a bengala e a andar por conta própria.

O governo pretende mudar o centro de lugar, concentrando o apoio a todos os tipos de deficientes: cadeirantes, auditivos e visuais. “Não vai dar certo. Vai concentrar muitos deficientes em um mesmo lugar. As empresas de transporte não verão com bons olhos”, diz Jair.

O governo quer que o centro funcione apenas para a produção de livros. Isso deixaria os cegos sem um ambiente para aulas de locomoção e braile. “Nós fazemos esse trabalho aqui de teimoso”, diz Jair, já que o centro deveria apenas produzir livros em braile e não prestar assistência ao deficiente.

Apuração por João Carlos e Wilderson Morais
Texto e fotos por Wilderson Morais
Edição por Lila Nascimento

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dê seu grito! #EvitePalavrões