Bem-vindo, caro leitor! Este é um blog de notícias experimental, organizado por seis alunos do curso de jornalismo da UFES, 2º período. Neste local abordaremos temas relativos à população inserida à margem da sociedade.

Um canal em que todos podem se expressar abertamente, de forma igualitária e RESPEITOSA. Lembre-se: gritar é se expressar repentinamente, expondo as dores e as angústias. Esteja livre para compartilhar o seu grito.




segunda-feira, 10 de maio de 2010

Intercâmbio: o grupo que vem de fora

Muitos alunos de intercâmbio vêm ao Brasil para estudar. Estudantes de Moçambique, Guiné, Angola e de Países da América Latina aterrissam em nossas terras para aproveitarem uma oportunidade no ensino superior. Por que muitas pessoas nunca ouviram falar deles? Por que ficam restritos aos seus grupos e nós aos nossos?

A estudante Raísa, do curso de Administração, está há 6 anos no Brasil. Ela responde sobre o porquê da não interação com as outras pessoas. “Vocês conseguem interagir com a gente? Nós ficamos juntos pela afinidade que temos com a nossa língua. Estamos longe de nossas famílias e é natural a nossa união”.

Joselina, estudante de Comunicação Social, afirma que se formam as “panelinhas”. “Vocês não abrem espaço totalmente para quem quiser se integrar. É igual a nós. Vocês, em seus grupos na sala de aula, não percebem que fecham o círculo”. Ao ser indagada sobre preconceitos, a estudante diz indignada: “Já perguntaram se existe carro na África. Claro que existe. Outros pensam que não há avião e nem aeroporto. Eles perguntam como eu consigo chegar ao Brasil de carro. É um absurdo”.

Sobre a discriminação, a estudante Raisa diz: “A discriminação é pontual. É a que ocorre em qualquer lugar. Há uma ignorância muito grande sobre o que é a África. O mais comum é tratar cada país como se fosse o continente todo.” Ela ainda completa: “A África é composta por vários países, assim como o Brasil é composto por vários estados. Gostamos que as pessoas tenham uma visão correta do que é a África.”

Os intercambistas estão no Brasil através de um convênio que dura o tempo da graduação com um adicional de três meses. Eles participaram do PEC-G, um programa do Ministério da Educação que oferece oportunidades de formação superior a cidadãos de países com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais. Não há o chamado vestibular para entrar em uma universidade aqui no Brasil. Eles fazem um exame nacional em seu país de origem, o qual serve como uma prova de admissão.

Em ano de Copa do Mundo, abordamos sobre a possibilidade deles voltarem para casa com o objetivo de assistirem aos jogos. Eles demonstraram estarem mais preocupados com a UFES. “E as aulas aqui?”, indaga um rapaz intercambista. Disseram ser mais fácil os brasileiros assistirem ao torneio na África do Sul, mesmo estando em outro continente. Um dos alunos relata que um conhecido de Angola, país vizinho de onde será realizado o torneio, está limitando os vistos de entrada.

Alguns já se acostumaram com a vida brasileira e não querem voltar para seus países de origem. Outros desejam voltar para suas nações porque há mais oportunidades. “Lá há mais oportunidade de emprego para pessoas graduadas”, diz um rapaz do grupo de intercambistas. Eles não concordam com o pensamento de que eles ocupam as vagas das nossas universidades e empresas, pois os brasileiros tiram a vaga de outras pessoas em diversos países. “E os jogadores de futebol? E a Gisele Bundchen? Você sabe quantos brasileiros vivem e trabalham fora do Brasil?”, indaga um intercambista sentado mais ao fundo.

Cabe a nós romper as barreiras que impedem a melhor integração dos alunos intercambistas. Eles trazem uma experiência de vida muito diferente, assim como é a nossa. E é muito interessante que sejam compartilhadas. O crescimento é mútuo.

Apuração por Flávio Soeiro, Reuber Diirr e Willderson Morais
Texto por Flávio Soeiro
Edição por Wilderson Morais

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dê seu grito! #EvitePalavrões