Por Lila Nascimento e João Carlos Fraga
O preconceito, para os portadores do vírus HIV, é algo que persiste desde os primeiros casos no Brasil na década de 80 até os dias atuais. Esse é o caso de Helena Almeida*, que contraiu a doença do marido há 19 anos e desde então é discriminada. “Certa vez fui almoçar na casa de uma amiga e, logo após a refeição, ela quebrou o prato, os talheres e o copo porque ninguém mais poderia comer ou beber neles.” Segundo a farmacêutica Francielle Vieira, isso acontece com frequência porque, mesmo com todas as informações e campanhas do governo, ainda há pessoas as quais pensam que podem contrair AIDS através de contatos físicos como o abraço e o aperto de mão e a saliva, como foi o caso de Helena.
Na contra mão dessas pessoas que têm preconceito, podemos citar o jornalista Zeca Camargo. No fim dos anos 80, quando era correspondente internacional do Jornal vespertino Folha da Tarde, entrevistou o cantor Cazuza em Nova York. Zeca conta no programa da Globo, Por Toda Minha Vida, exibido em março de 2009, que o cantor o desafiou a beber vinho na mesma taça que ele. “Cazuza imediatamente acendeu um cigarro e pediu vinho. O vinho chegou e ele se serviu e perguntou se eu queria tomar com ele. Respondi que sim e ele ofereceu da própria taça. Imediatamente eu tomei”.
“Não pedi para ter o que eu tenho”
Carolina da Silva* contraiu a doença da mãe. “Ela usava drogas e não sabia que era soropositivo quando engravidou de mim.” A jovem descobriu que era portadora do vírus HIV apenas quando estava com cinco anos. Apesar disso, nem sua família a poupou do preconceito. “Não acho justo eles terem preconceito comigo”. Carolina conta que, na infância, quase foi expulsa do colégio em que estudava devido ao preconceito das outras crianças e de seus pais. Mesmo com todos os percalços, ela se considera uma garota feliz. “Meu melhor amigo é Deus”, diz emocionada.
Governo incentiva campanha contra o preconceito
Segundo o psicólogo Luiz Fernando Magalhães, os portadores da AIDS sofrem mais com a rejeição e o preconceito do que com a própria doença. Por isso, o tema da campanha do Ministério da Saúde para o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS em 2009 foi o preconceito. O slogan escolhido “Viver com AIDS é possível. Com o preconceito não” enfatiza que quem vive com o HIV pode estudar, trabalhar e namorar como qualquer outra pessoa.
O material da campanha está disponível nos links abaixo:
*Os nomes foram alterados para a preservação das identidades das fontes.
Muito bacana!! Infelizmente o preconceito existe em todos os níveis sociais e ninguém está a salvo dele. Atitudes como essa são muito válidas e eu parabenizo a equipe do blog pela matéria! =D
ResponderExcluirExcelente matéria gente. Parabéns mesmo! É por essas e outras que nosso blog tem a finalidade de expor o ângulo que a sociedade não vê, ou finge não enxergar. Wlw!
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